segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Depois de muitos avanços tecnológicos, o vinil ainda é uma paixão no mundo da música

MANCHETE: Vinil ainda é paixão no mundo da música

CHAMADA: Todo avanço tecnológico ainda não ultrapassou a qualidade da “bolacha”

 Bárbara Oliveira
 Loja de discos de vinil, Golias Discos: a diversidade do acervo é a marca do lugar

O disco de vinil surgiu na década de 50 e até hoje há quem diga que tanta tecnologia ainda não alcançou a qualidade dos Long Play (LP). “Quem gosta de ouvir e tem um ouvido bom, tem um bom sistema de som, sabe que mp3, por exemplo, você está comprimindo, o CD também vai comprimindo a música. Então aquela variedade do grave, do médio, do agudo, a entonação de uma voz... se perde. Você comprime muito, cabe mais música, mas você perde na qualidade”, diz Antônio Marcos Machado, um dos clientes do Golias.

Quando paro para pensar que, em 1967, músicos como Caetano Veloso, Edu Lobo e até Gilberto Gil, arrastado por Elis Regina, participaram de uma passeata contra a guitarra elétrica, chega a ser engraçado. Vivemos numa época sem limites de influências musicais. A nossa fonte de referências é imensurável e sem restrições. Myspace, youtube, downloads e várias outras tecnologias contribuíram para a desburocratização da música, criando uma geração arquivada em megabytes. Mas e o vinil? Será que em meio a tantas inovações ainda existe espaço para ele?

As “bolachas” viraram artigos de luxo de colecionador. Além disso, as lojas que ainda vendem LPs, como a “Golias Discos”, no Centro de Vitória, acabam virando um mini-museu para quem nunca teve contato com esse produto que, hoje, é um diferencial no mercado. Isso chama a atenção e desperta a curiosidade de um grupo bastante heterogêneo e que, não necessariamente, é apaixonado pela música. “Eu acho o vinil uma coisa muito legal. Ele tem um ar retro, que eu gosto muito. Chama atenção, né, por ser uma coisa antiga, diferente”, diz Evelyn Sala.

Resumindo, ainda existe espaço sim para o vinil. No entanto um pouco mais restrito, mas com glamour o suficiente garantido por quem continua curtindo essa onda. O público que ainda consome esse produto que marcou os embalos da juventude dos nossos pais é formado por amantes do som e da boa música.
“Meu contato com o vinil começou desde novinho, quando meu pai acordava a gente com aquela música alta, com Queen, Led Zepplin... E eu brincava muito com aqueles discões... Então o vinil tem uma coisa de nostalgia, né. A gente ouve e lembra de uma época, lembra dos nossos pais...”, conta o músico Amaro Lima.

A chegada da tecnologia
Depois do surgimento dos CDs, do mp3 e das redes sociais direcionadas à música (myspace, youtube, etc), os famosos “bolachões” foram ficando no armário. As pessoas passaram a querer cada vez mais novidades e a se incomodar com o nada prático tamanho do disco. “Eu acho interessante ver como se ouvia música antigamente... Mas o mp3 é muito melhor, né, é mais prático. Você pode baixar a música que quiser, se estiver com a memória cheia você pode apagar aquelas que não ouve mais... Sem contar que é uma coisa que você pode guardar no bolso, né”, diz Maik Gramelichy, de 17 anos.


Esse fácil acesso à produção musical, seja para consumir ou para criar, proporcionou uma democratização dessa arte e abriu portas de oportunidades para artistas desconhecidos mostrarem seus trabalhos. No entanto, essa mesma “veia” que oferece novidades e liberdades no universo da música, é habitada também por produções de baixa qualidade. Isso pode fazer com que o nível de exigência das pessoas caia junto com o padrão de qualidade musical, em geral.







Links relacionados:
Para conhecer o acervo e fazer compras on-line, consulte o Blog do Golias Discos.
A única fábrica que ainda produz discos de vinil no Brasil. Polysom

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